Família

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Com quem estão dançando nossos filhos?


Gostei dessa foto porque ela traduz o tema que proponho para a nossa reflexão de hoje: a influência de modelos positivos em que nossos filhos possam se espelhar e com quem possam co-naturalizar.
A estátua por si já diz muito: uma menina calçando os sapatos de salto da mãe dando alguns passinhos. Os braços abertos nos dizem que tenta se equilibrar. Esta é a beleza desta fase da infância: os desafios - um após o outro - que os pequenos tem que enfrentar. A menina-estátua de salto representa a forte consciência de identidade de gênero que se desenvolve em crianças na segunda infância.

Mas quero me deter agora na criança de carne e osso; a pequena criança que com um sorriso maroto une suas pequenas mãos às mãos da estátua e imagina uma dança!

Dança ingênua e feliz. Cativante. Os nossos filhos também dançam: dançam em suas mentes com personagens reais e imaginários. Dançam com cantores famosos, artistas de novela, modelos e esportistas... Com quem nossos filhos querem dançar? Que música querem ouvir? O que ouvem?

Fico muito pensativa quando vou a uma festa onde vários adolescentes estão reunidos e a música que toca tem uma mensagem torpe...

Fiquei mais pensativa ainda ao assistir um programa de TV que mostrava a gravação de uma festa de traficantes em um morro do Rio e o tipo de música que eles ouviam era esse repertório pobre e não poucas vezes de forte conotação sexual que os DJs insistem em tocar em festas de 15 anos e formaturas porque
"todo mundo ouve", ou "todo mundo pede".

Está na hora de começarmos a co-naturalizar nossos filhos com mensagens que valham a pena. Precisamos ajudá-los a formar a consciência para que possam ser capazes de escolher o melhor.

Fico pensando que meus filhos que estudam em colégio particular e moram em um lugar privilegiado, longe da miséria, da violência e do silêncio que é imposto a tantas vozes que gostariam de pedir um socorro, podem fazer a diferença. Procuro fazê-los conscientes disso. Procuro fazer com que sintam o peso da responsabilidade de ter tantos privilégios. O que estão fazendo pelos que podem menos? O que nós estamos fazendo?

Estaremos fazendo muito se educarmos nossos filhos para que ouçam e falem coisas que edifiquem. Estaremos fazendo muito se atuarmos junto à escola onde estudam cobrando que vivam em todos os aspectos os valores que pregam. Estaremos fazendo muito mais ainda se nós mesmos estivermos atentos ao que falamos e ouvimos e se nós mesmos estivermos ao menos tentando viver os valores que pregamos. Estaremos fazendo muito se pararmos de quando em quando para refletir sobre o que é realmente importante para nós e para nossa família.

Se pararmos alguns minutos por dia para ver com que estátuas nós e nossos filhos estamos dançando será muito mais fácil manter o compasso para uma vida mais feliz.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

4 Chaves para pais bem sucedidos

         Pais bem sucedidos prestam atenção ao seus filhos. Estão em sintonia com eles. Em outras palavras: estão "conectados". Para isso é necessário apurar a sensibilidade para poder perceber as limitações e potencialidades de cada um e ajudá-los a irem se aperfeiçoando como pessoas. Devemos sempre ter em mente que não estamos educando crianças e sim os adultos de amanhã. Pais bem sucedidos pensam na vida futura dos filhos em termos de caráter e consciência. E para perceber as limitações e potencialidades, para estar em sintonia faz-se necessária a convivência. O tempo partilhado entre os membros da família é extremamente importante. Há uma diferença entre "passar tempo junto" e "conviver" ou "partilhar o tempo". Pais e filhos podem estar "fisicamente juntos" assistindo a um programa de TV por exemplo; mas sem nenhuma interação, sem nenhuma "partilha". É de suma importância para o desenvolvimento sadio dos filhos que pais e filhos convivam para que se descubram gostos, potências e habilidades.
       A outra chave para pais bem sucedidos é que conheçam seu papel na vida familiar e participem ativamente. Esta chave é completada por outra intimamente ligada a ela e se refere à estar à vontade no papel de pai ou mãe. Esse papel envolve comprometimento emocional e com frequência envolvimento direto no cuidado e educação dos filhos. Para isso os pais devem cultivar características importantes como: integridade, ética, coerência entre fala e ação, clareza de propósitos e motivação. Devem, além disso, ser inspiradores e encorajadores.
       Respeitar os filhos como pessoas diz respeito à amá-los e valorizá-los e serem capazes de administrar seus conflitos. Não me refiro aqui à noção sentimentalista do amor. Sem dúvida alguma a demonstração do afeto é extremamente importante, mas o amor não é um sentimento, amor é uma ação, um ato da vontade. Amar quer dizer estender-se com o propósito de nutrir o crescimento e o aperfeiçoamento do outro e isso supõe sacrifício. Quando amo, saio de mim mesmo em direção ao outro. Por isso, amor e limites, amor e educação são complementares e não podem existir sem o outro. Gosto muito do título do livro de Içami Tiba "Quem ama, educa", porque o verdadeiro amor supõe educação, orientação, limites, arestas aparadas.

domingo, 7 de novembro de 2010

Os três tipos de educação praticados pelos pais

           Os pais atuais parecem assustados com a tarefa de educar os filhos. Os pais dos anos 60/70 reagiram fortemente contra o autoritarismo de seus pais e criaram seus filhos de forma permissiva. Os filhos dos anos 60/70, pais hoje, muitas vezes não sabem como agir com seus próprios filhos. 
            Baumrind apontou em sua pesquisa pioneira, três tipos de estilos de educação praticados pelos pais: estilo autoritário, estilo permissivo, estilo democrático.
            Pais com estilo autoritário são aqueles que dão valor ao controle que podem exercer sobre os filhos e à obediência que esses lhe prestam, sem fazerem nenhum tipo de questionamento. Suas punições são por vezes duras e muitas vezes arbitrárias.
            Pais com estilo permissivo, por outro lado, não se veem como modelo. Não fazem exigências e permitem que as crianças imponham seus próprios limites. Esses pais raramente usam castigo e consultam as crianças sobre as suas decisões. 
            Pais com estilo democrático sabem dosar o respeito à individualidade da criança e a importância dos valores sociais. São afetuosos e acolhedores, mas sabem exigir bom comportamento e estão dispostos à impor castigos criteriosos.             
         Ao que parece, o estilo democrático é o que mais parece contribuir para que as crianças sejam felizes e se tornem adolescentes firmes e adultos maduros. Através deste modelo, as crianças sabem o que se espera delas; e os pais, por sua vez, esperam que elas tenham um bom desempenho, cumpram seus compromissos, contribuam com vida em família seja participando de suas obrigações ou de seus divertimentos. Esses pais, por sua vez, se
comprometem a enfatizar valores sociais, explicar a base de suas opiniões e estimular a troca de idéias. 
            Isso implica na necessidade de refletir sobre o que é realmente importante para si e para a família. Para isso há que pensar sobre os 4 aspectos que Alan e Robert Davidson  mencionam como chave para pais bem-sucedidos: (1) atenção, sensibilidade e sintonia; (2) conhecer seus papéis e participar ativamente quando necessário e apropriado; (3) estar à vontade no papel de pai ou mãe; (4) respeitar os filhos como pessoas.
         Nas próximas postagens, gostaria de me estender um pouco mais sobre cada um dos 4 itens apontados acima.


domingo, 31 de outubro de 2010

Bom senso e consciência bem formada

No decurso de suas vidas nossos filhos não poderão fazer o bem se não o conhecerem. O bom senso e a consciência bem formada fornecem a orientação para as escolhas mais importantes da vida.
É aqui que intervimos nós, os pais. Nossa tarefa consiste em ensinar os filhos a pensar como nós o fazemos, a adotar as convicções e os valores da nossa família. Temos, então, que ensinar nossos filhos a refletir, a ter o hábito de fazer perguntas, de deliberar e aprender com a experiência.
Como está o espaço na nossa vida cotidiana, na nossa vida pessoal para que isso aconteça?
O que fazemos para que nossos filhos reflitam? Como podemos ajudá-los nisso?
E o hábito de fazer perguntas? Quais são os princípios que nós pais devemos ter ou precisamos desenvolver? E as oportunidades? Como podemos fazê-las surgir?
Qual o nosso discernimento em ação aos inúmeros pormenores da nossa familiar: no modo como escolhemos os livros e revistas que lemos, programas de tv que assistimos, filmes, amigos, heróis, maneiras, regras para a casa? Lembremos que nossas escolhas dizem muito do que pensamos e do modo como vivemos.
As crianças aprendem com o que ouvem e veem em casa:das nossas conversas com o cônjuge, com os vizinhos, amigos, nossas exclamações perante a tv!
Não percamos essas oportunidades de dar critério e através de bons exemplos ajudá-los a ter bom senso e consciência bem formada.